domingo, 8 de abril de 2012

De Daniel Bovolento:

Me mandam repetir aquele mantra antigo do "você vai achar alguém que valha a pena" todos os dias antes de dormir. E meus amigos me dizem que estar despreparado e não esperar nada é dar sinal verde pra tal pessoa dos meus sonhos chegar. Me falam que vai ser na fila do pão ou em qualquer outro lugar que eu vou encontrar o amor da minha vida.

Quem disse que eu quero alguém que valha a pena ou a pessoa dos meus sonhos ou o amor da minha vida ?

Quero alguém de carne e osso que vai me acrescentar algo, seja por um longo tempo ou por um período simples. Seja por uma estadia de janelas abertas ou de portas fechadas. Eu não quero alguém que vá descarrilar meu trem, nem abalar o meu mundo como dizem por aí. Esse é o problema: as pessoas exigem muito de um mundo que mudou. E, muitas vezes, a pessoa dos seus sonhos foi feita pra ficar lá mesmo, enquanto você dorme, num mundo de imaginação e fantasia. Aqui fora é mundo real, é coisa séria. Quero alguém que conviva comigo e aceite minhas manias e discuta meus defeitos. Quero alguém que me mude pra melhor e que me dê uns conselhos legais. Não sou desses que quer continuar a mesma coisa e que se dane quem estiver comigo. Tem que aceitar meus princípios, mesmo aqueles errados, claro. Mas se valer a pena e for melhor, eu mudo algumas coisas de bom grado e me sinto até melhor. Quero alguém que entenda esse meu gosto por leitura nada culto e saiba rir das comédias pastelão que eu vejo de vez em quando. Alguém pra me dizer que roupa usar e que vermelho e verde não combinam. Quero alguém de verdade pra tomar um banho gostoso depois do sexo. Alguém que me xingue, me arranhe, jogue videogame comigo e saia sábado à noite com meus amigos pra se divertir.

Não quero achar alguém pra vida inteira. Isso é chato! Eu quero alguém pra dividir um cobertor, umas situações engraçadas, um café e cinema de vez em quando. Quero alguém de verdade pra contar um pouco de mim e conhecer melhor. E se não for pra ser assim, que não venha ninguém. Porque eu não acredito em amores de literatura.


Nenhum comentário:

Postar um comentário