quinta-feira, 25 de abril de 2013

Impressões do 1º BI.

Oi gente. Estou aqui para dar minha versão do que foi o primeiro bimestre. Vamos lá:
Cheguei muito motivada, pela possibilidade de trabalhar naquilo que finalmente havia me preparado tanto! Muitos planos, mas muitas idealizações. E isso até certo ponto foi ótimo, mas me quebrou em inúmeros aspectos.
Quando se trabalha com crianças (incluo aí até os 17 anos), você é obrigado, veja bem, o-bri-ga-do a dançar conforme a música. Nem sempre a melodia te agrada. Dito isto, continuemos.
Eu sempre fui uma pessoa de mente aberta e de espírito livre e sempre desejei criar nos meus alunos essa mesma sensação. Errado. Eu não tenho esse poder. Não temos tempo, não temos apoio, não temos instrumento para isso. Os professores, os coordenadores, enfim, todos trabalham da forma mais engessada possível. E isso não é culpa de um ou de outro, é todo um sistema que se encontra em plena decadência. Pois é, eu trabalho para um sistema deficiente de hierarquia escolar, de educação básica (entende-se aquela que o aluno que traz de casa), dos interesses financeiros e de toda uma série de fatores que se eu for listar, eu me perco até no raciocínio.
Conheci gente muito boa disposta a mudar o mundo. Mas conheci gente muito hipócrita e cheia de maldade na cabeça. Até aí, ok. Não é a primeira vez nem a última que eu verei esse tipo de coisa.
Dentro de sala de aula, eu não consigo atingir meus objetivos pessoais enquanto profissional, entendem? Aqueles planos que disse no segundo parágrafo. Reparei que a medida que o tempo passa (coloque décadas aí) as crianças estão ficando cada vez mais ingênuas e não de uma forma positiva. Estão sem conhecimento prévio de mundo, um pouco abobalhadas pelo excesso de informação que a tecnologia oferece, acostumadas com o fácil e mastigado. Salvo raríssima exceções (Graças a Deus), criamos crianças NÃO-pensantes. É assustador a maneira como elas se deixam levar pelas circunstâncias sem olhar para trás. Eu na idade delas era muito diferente. E tenho ciência que a próxima geração será de crianças inexpressivas. Isso dá muito medo por mim, que já não sei mais o meu real papel nessa sociedade de bosta, e medo por eles, que são tão bons, com uma pureza que chega a enternecer, jogados nessa selva sem nenhum tipo de preparo. Eu tento, mas nem sempre consigo.
Uma coisa boa, é que eu me humanizo cada vez mais, e isso me torna uma pessoa melhor. Estar em contato com elas me transforma a cada dia que passa, a olhar a vida com mais ternura. E isso, só quem é professor conhece e sabemos que isso não tem preço. Eu aprendo mais com elas do que eles comigo. É incrível e emocionante. Sempre fui aquela com enorme senso de justiça, doesse a quem fosse, mas lidar com os pequenos nos traz aquela necessidade de pesar prós e contras, refletir nas consequências, ou seja, eu aprendi com eles o que é a tal da EMPATIA.
Um fato ruim sobre mim, eu continuo com a arte de acumular tarefas. E o foda é, não to dando conta. Não por eles, nada disso, mas porque eu não ainda não aprendi a me organizar. E isso tem gerado uns resultados pelos quais fui chamada a atenção. Com RAZÃO. O problema é: eu odeio ser chamada a atenção. Fico nervosa, irritada e mal humorada. Com a pessoa? NÃO. Comigo. Porque eu me sinto constrangida e fico muito envergonhada perante ela. E isso me atormenta eternamente. Sério, dificilmente eu esqueço uma bronca. Aliás, nunca esqueço. E isso me leva a loucura, exaustão e esgotamento. Fico me consumindo, sofrendo, cobrando a mim mesma. E em vez de ficar calma e olhar as coisas com nitidez, eu me perco. Aí se cria aquele espírito perfeccionista em mim que não existe, mas tá ali, me assombrando. Não me ajuda em nada, só atrapalha, essa porra.
Eu preciso trabalhar meu autocontrole. Isso é algo que eu estou tentando, às duras penas, mudar. Pelo menos no trabalho. Fica aí minha resolução pro próximo bimestre.
Acho que é isso, viver é complicado demais. Mas eu to no lugar certo, estou me adaptando, e acredito que isso faz parte do processo.

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